quarta-feira, 9 de maio de 2012

Alunos escrevendo



UM GRANDE TRAPALHÃO

(Josíbia Braun – 8ª série)

Subitamente, não sabia mais como se ata o nó da gravata. Era como se enfrentasse uma tarefa desconhecida, com que nunca tinha tido qualquer familiaridade. Recomeçou do princípio. Uma vez, outra vez – e nada. Suspirou com desânimo e olhou atento aquele pedaço de pano dependurado no seu pescoço. Vagarosamente, tentou dar a primeira volta – e de novo parou, o gesto sem sequência. Viu-se no espelho, rugas e suor na testa: a mão esquerda era a direita, a mão direita era a esquerda.

Era muito confuso para ele, aquilo não podia ser tão complicado. Olhou-se novamente no espelho, seus olhos estavam vermelhos, depois da festa da noite passada, só lhe restava a ressaca e uma reunião de trabalho naquela manhã.

Sentou-se na cama, relembrou a festa, a música. Quando se deu por conta, havia passado trinta minutos. Chegaria atrasado na reunião. Passou pela cozinha, bebeu um copo d’água. Deixou aquela gravata pendurada em seu pescoço, pegou sua pasta e correu para o carro.

Ligou o som. Mal tinha virado a esquina, um congestionamento enorme surgiu na sua frente. Aumentou o volume do som, deitou a cabeça no banco e cochilou. Acordou com as buzinas dos carros que esperavam pelo dorminhoco, para que o trânsito voltasse a fluir.

Enfim, chegou na reunião com uma hora de atraso. Assim que abriu a porta da sala, todos caíram na gargalhada. Assustado, ele perguntou o que havia acontecido, mas ninguém respondeu. Todos continuavam rindo.

Ele decidiu ir até o banheiro. Lavou o rosto, olhou-se no espelho, só então percebeu que estava com um pano de prato no lugar da gravata.

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